Adrianna Hilsdorf: como investir em uma startup

A batalha para uma startup crescer está dando o que falar no Brasil… Por isso, no novo episódio do podcast At The Money, Adrianna Hilsdorf te mostrará quais os caminhos jurídicos e legais mais importantes para a construção de uma startup no país. 

Quem é Adrianna Hilsdorf?

Advogada com especialização em Direito Internacional, Direito Civil e Startup, Adrianna atua há mais de 10 anos no mercado, e hoje é membro da Comissão de Startups e Inovação da OAB/SP.

Mentora nos programas Batalha de Startups e Anjo Investidor, fundou o escritório Hilsdorf Advocacia em 2017, em que trabalha com Direito Imobiliário, Civil e Processual Civil, Família e Sucessões, Planejamento Tributário e Empresarial. 

Desde 2021, está a frente da ABH Treinamentos e Negócios Digitais, uma plataforma de empreendedorismo que ensina o que é necessário para fundar uma Startup

Além disso, tem um curso voltado para advogados que pretendem se especializar no segmento de Startups.

Em nossa conversa com minha co-host Jehniffer Santana, Adriana explica o que define uma startup segundo a legislação brasileira, como investir em uma e, se você for um empreendedor, dá dicas para conseguir investimentos para seu negócio. 

O que é uma startup? 

Segundo Adrianna, a startup é uma empresa em que o empreendedor achou um espaço no mercado que configura uma dor real, e que utiliza tecnologia para criar um produto ou serviço para resolver essa dor que seja escalável e repetível, ou seja, que aumente o seu faturamento exponencialmente, mantendo o mesmo nível de receita.

Por isso, são empresas inovadoras e nascentes que criam um produto ou serviço passível de ser tracionado com outras ferramentas no futuro.

No Brasil, o marco legal das startups, sancionado em junho de 2021, trouxe um conceito mais robusto para o que define uma startup: 

  • CNPJ de até 10 anos.
  • Faturamento de até 16 milhões.
  • Ter no contrato social que a empresa utiliza mecanismos de inovação.

Se passar de um desses pontos – como superar o nível de faturamento, ou passar de 10 anos de existência – a empresa se desenquadra do quadro de startups.

Isso significa que a empresa não estará mais incluída no sistema de menor tributação, por exemplo.

Qual o processo para construir uma startup?

O primeiro passo é definir seu MPV (mínimo produto viável), que funciona como um protótipo do produto ou serviço ofertado.

Com isso definido, Adrianna Hilsdorf explica que existem cinco principais fases de uma startup:

  • Bootstrapping: a primeira fase consiste em juntar capital próprio para fazer o projeto sair do papel. São investimentos que saem do bolso do próprio empresário (como vender carro e bens pessoais, usar o patrimônio guardado etc.).
  • Family, friends and fools: aqui, pessoas próximas ou que acreditam no projeto podem fazer um empréstimo ou investir na empresa. De forma geral, o investimento nesta fase ainda é pequeno.

Normalmente, as duas primeiras fases são mais bagunçadas, é comum que o empresário ainda não tenha um advogado e nem um contrato social adequado – somente o CNPJ. 

Após isso, o próximo passo é encontrar o seu Product Market Fit (PMF) – versão melhorada do MVP que vai tracionar o negócio e te dar dinheiro, aumentando a receita e mantendo os mesmos níveis de despesa.

Então, passamos para a terceira fase, em que o empresário vai buscar um investidor anjo.

  • Investidor anjo: nesta etapa, investidores profissionais entram na sociedade com uma quantia maior de capital. É aqui que o dinheiro começa a entrar de verdade no projeto.
  • Venture capital.
  • Private equity.

Essas duas últimas fases envolvem investimentos de grande capital. Normalmente, a startup deixa de ser enquadrada com uma startup quando começa a receber ofertas do private equity, já que envolvem empresas com receita e fluxo de caixa mais sólidos.

O que avaliar antes de investir em uma startup?

Não dá para saber qual startup vai bombar e virar um unicórnio, mas com alguns fundamentos é possível ter uma ideia se vale a pena investir naquela startup ou não. De acordo com Adrianna, os pontos mais importantes para olhar são:

  • Nicho, tamanho do mercado, quem são os concorrentes.
  • Qual dor o produto ou serviço soluciona.
  • Números de faturamento em comparação com concorrentes.
  • Quanto a startup vale hoje, e quanto está sendo pedido.
  • Para onde vai o dinheiro que será investido.
  • E ROI – Return Over Investment, em português, Retorno Sobre Investimento – esperado.

Se o projeto se enquadrar dentro da categoria SaaS (Software as a Service, ou software como serviço), ainda pode-se avaliar o CAC, que seria o Custo de Aquisição por Cliente, e o LPV (Lifetime Value), que mede o “valor vitalício” desse cliente.

Como o investimento acontece?

A advogada explica que o mais comum é utilizar um documento chamado de Mútuo Conversível.

Trata-se de um contrato em que o investidor empresta seu dinheiro por um período de tempo, e em contrapartida, tem direito de converter esse empréstimo em participação societária no futuro.

Para isso, o documento vai adotar diversas cláusulas, das quais as principais são:

  • Direito de preferência: que prevê a possibilidade de futuras rodadas de investimentos envolvendo quantias significativamente maiores de outros interessados. Neste caso, o investidor terá a preferência para não ser diluído, e terá o direito de fazer o investimento nas mesmas condições, ou negociar um desconto.
  • Direito de informação e prestação de contas.
  • PUT option: cláusula que garante ao investidor o direito de vender sua participação societária caso o projeto dê errado. Neste caso, o empreendedor tem a obrigação de comprar a participação do investidor.

Além disso, o documento também prevê se a sociedade pode se transformar de limitada para S.A. Isso é importante porque quando o investidor fizer essa conversão, o ágio é tributado na sociedade limitada, mas não na S.A. Então, é mais uma manobra para que o investidor não pague imposto na hora da conversão. 

Por onde conseguir investimentos?

A maioria dos investimentos acontecem a partir de networking, mas existem diversos programas que são próprios para isso:

Batalha das Startups, Sebrae, aceleradores, incubadoras e crowdfunding – possível por meios de plataformas como a 3C Invest – são exemplos de programas que ajudam pequenos empresários a atrair investidores e alavancar seus negócios.

E você… já investiu em uma startup?

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Sobre o At The Money

Investimentos, empreendedorismo e a história das pessoas que estão, de fato, no dinheiro. 

O At The Money é o podcast da Invius Research apresentado pelos fundadores Leo Dutra e Jehniffer Santana. Nele, trazemos convidados de várias áreas diferentes, mas com ideias de alto valor para serem compartilhadas.

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