Como funciona a margem de garantia nos EUA?

A margem de garantia é o valor que toda corretora exige que um investidor tenha em conta ao operar.
Esse valor é utilizado para cobrir eventuais perdas em caso de operações mal-sucedidas.

Porém, a quantidade exigida como margem de garantia varia entre o Brasil e os EUA, e essa diferença permite que você opere no mercado americano de forma diferenciada.

Margem de Garantia no Brasil

Suponha que você deposite R$ 1.000 na corretora e compre tudo em um título de renda fixa, como o Tesouro SELIC.

Se você quisesse comprar R$ 1.000 em ações, não daria certo, pois seria necessário ter dinheiro disponível em conta corrente.

Em vez disso, você pode optar por fazer uma venda a descoberto, recebendo dinheiro em troca da obrigação de comprar ações se o mercado cair.

Nesse caso, o dinheiro da venda entra na sua conta, e o capital necessário para comprar as ações fica travado no seu título de renda fixa, funcionando como uma margem de garantia.

Esta é uma garantia que a corretora reserva caso você precise cumprir a obrigação de comprar uma ação.

Exemplo no mercado brasileiro

Vamos supor que você vendeu 100 PUTs de um ativo, recebendo R$ 3 na conta e ficando com a obrigação de comprar as ações por R$ 10 até o próximo mês.

Durante esse período, seus títulos de renda fixa ficarão travados como garantia.

Caso você precise cumprir a obrigação de comprar 100 ações a R$ 10, terá que resgatar seu título de renda fixa para exercer sua obrigação.

Margem de Garantia nos EUA

No mercado americano, a margem de garantia funciona de forma diferente.

Existem basicamente dois tipos de conta: a conta cash e a conta margem.

Na conta cash, você só pode realizar operações pagando pelos ativos, sem a possibilidade de fazer operações vendidas.

Já na conta margem, tudo é realizado através de chamada de margem.

Se você fizer um depósito de US$10.000, você terá $10.000 de margem de garantia.

Ao comprar 100 ações da Ford por $10, por exemplo, a corretora exigirá apenas $5.000 de margem.

Caso você decida comprar 200 ações da Ford por $10, utilizará toda a sua margem de $10.000.

Assim, você está usando $5.000 seus e $5.000 da corretora, que cobrará uma taxa de 10% ao ano sobre esse valor emprestado.

Operações com Opções

Agora vamos imaginar que, em vez de comprar as ações da Ford por $10, você decidir fazer uma venda de PUTs, obrigando-se a comprar as ações se o mercado cair.

Ao enviar a ordem, será mostrado quanto da margem está sendo utilizada.

Neste caso, será de $2.441,14 para a obrigação de comprar as ações por $9,82 em 1662 dias.

Se o mercado cair abaixo desse valor, você receberá na sua conta $758,86 após custos e taxas.

Sua margem será reduzida para $7.558,86, e você terá $2.441,14 para realizar outras operações.

Como ainda não desembolsou nada, você ainda tem um caixa de $10.000 e não será cobrado juros aqui.

“Então, se eu quiser, poderia vender 300 opções?”

Em tese, sim, mas estaria bem alavancado.

Se o mercado cair, você precisará comprar 300 ações por $9,82, e a margem para isso aumentaria para $29.460, que é um valor que você não tem.

Isso é o que chamamos de notional: se você precisa comprar 300 ações da Ford por $9,82, seu notional é de $29.460, e você está operando com esse total usando apenas uma parte.

Exemplo no mercado americano

Imagine que você comprou 100 ações da Ford por $10 e resolveu vender 100 opções de venda para 162 dias a $9,82.

Ao comprar as ações, sua margem foi para $5.000 e seu caixa foi totalmente utilizado.

Ao realizar a venda da PUT, será chamada mais $2.441,14 de margem.

Porém, não haverá incidência de juros porque você não desembolsou nada para comprar.

Considerando, é claro, que as ações não caiam e você precise comprá-las por $9,82.

A corretora sempre informará quanto de margem você tem disponível e quanto do seu capital está alocado.

Neste caso, se você observar, verá que o cash está negativo em $1.179, o que indica que você já usou todo o seu capital disponível para compra de ativos e ainda está usando $1.179 da corretora, que vai cobrar juros por isso.

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Cronograma de Aportes

Suponha que você comece com $10.000 nos Estados Unidos e faça um aporte mensal de $1.000.

É possível utilizar a margem para fazer a venda de PUTs no prazo em que fará as alocações.

Por exemplo, fiz uma venda de uma PUT da NVIDIA para agosto, recebendo $400, e uma venda para setembro, recebendo $590.

A margem exigida foi de $3.886,38, que eu já tinha na conta.

Se o mercado cair, terei que comprar as ações, mas estou casando exatamente a data em que farei um novo aporte.

De cara, já recebo $1.292, que é um retorno de 12,92% sobre o capital que tenho na corretora.

À medida que essas opções forem vencendo, com ou sem exercício, posso realizar novas operações para os meses subsequentes, antecipando o retorno sobre um capital que ainda nem coloquei.

Nada mal receber 12,92% a cada 2 meses, não é?

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